O uso da Inteligência Artificial em produção científica
Autor(s): Dornellas, M.P. and BOCK E.G.P
EDITORIAL: Caros leitores, é com grande entusiasmo que anunciamos o início de uma nova etapa da revista The Academic Society Journal, tendo em vista que ocorreram mudanças no corpo editorial. Este momento representa uma renovação do compromisso de tornar a ciência acessível, por meio da publicação de trabalhos acadêmicos de qualidade. Para inaugurar esse novo ciclo editorial, escolhemos um tema que simboliza tanto os desafios quanto às oportunidades do cenário atual da pesquisa: o impacto da Inteligência Artificial (IA) na produção científica.
A IA está transformando profundamente a forma como a ciência é conduzida, oferecendo ferramentas poderosas que potencializam nossa capacidade de compreender o mundo e resolver problemas complexos. De análises rápidas de grandes volumes de dados à organização sistemática de informações e à formulação de hipóteses, a IA tem se tornado uma aliada indispensável para pesquisadores em diversas áreas. Contudo, esse avanço tecnológico também suscita questões cruciais: como integrar a IA ao processo científico sem comprometer o rigor metodológico? E como garantir que as conclusões geradas sejam confiáveis, imparciais e eticamente embasadas?
Os benefícios proporcionados pelo uso da IA são inegáveis dado que por possuírem a capacidade de processar e correlacionar grandes volumes de informações em uma velocidade e escala inacessíveis aos seres humano, otimizam o processo de leitura de artigos, desenvolvimento de apresentações, fomentam novas ideias e identificam padrões sutis que poderiam passar despercebidos pelos pesquisadores, permitindo que concentrem seus esforços em análises críticas das informações obtidas. Deste modo, são úteis para a realização de tarefas repetitivas requisitadas pelo pesquisador e que não exigem interpretação analítica.
Entretanto, apesar de sua sofisticação, os algoritmos de IA não possuem compreensão contextual nem julgamento ético, operando exclusivamente com base nos dados previamente fornecidos. Essa limitação pode resultar na perpetuação de vieses implícitos e na formulação de hipóteses mal fundamentadas ou desconectadas da realidade. Como a ciência, por essência, exige análise crítica e validação rigorosa, esses aspectos continuam a depender da supervisão humana. Assim, a IA deve ser vista como uma ferramenta valiosa de suporte, mas nunca como um substituto para o papel dos pesquisadores no processo científico.
Ademais, para que os algoritmos contribuam de forma ética e minimamente confiável no tratamento de dados científicos, faz-se necessário garantir que a base de dados fornecida seja íntegra. As hipóteses sugeridas pelos sistemas de IA precisam ser tratadas como um ponto de partida e submetidas a testes e análises detalhadas, tendo em vista que a transparência no uso dessas tecnologias, incluindo a documentação dos métodos e dados empregados, é um passo fundamental para garantir a integridade das descobertas.
Deste modo, a integração da IA na ciência demonstra seu potencial transformador e destaca a responsabilidade de garantir o respeito aos princípios éticos e metodológicos. Equilibrando inovação tecnológica com rigor humano, a ciência se torna ainda mais forte para enfrentar os desafios contemporâneos.
CITAÇÃO: Dornellas, M.P., Bock, E.G.P. Editorial: O uso da Inteligência Artificial em produção científica. The Academic Society Journal, 8(2) 1-2, 2024. DOI: doi.org/10.32640/tasj.2024.2.1.